Parto cedo, pela manhã

Tenho tantos lugares desconhecidos como caminhos por percorrer. Tantos, como histórias recém nascidas, escondidas de mim próprio. Crescendo, numa lentidão de trepadeira incerta. Revelando-se em novelos frágeis. Desemaranhando-se com garras fundas, cravejadas, nas paredes húmidas interiores. Transpirando gotas salgadas, que permanecem numa frescura de final de tarde, na pele queimada pelo sol.

Tenho tantas imagens por aprisionar como música no sangue. Por tactear, nota a nota, lugar a lugar. Momentos inesquecíveis. Preciosos. A guardar no silêncio apenas conseguido nos olhos fechados. Tantos lugares a que nunca cheguei. Tantos sussurros, que me despertam a meio da noite. Numa névoa baixinha, que ecoa ao ouvido.

Queres vir comigo? Parto cedo, pela manhã.