No fundo ninguém escreve verdadeiramente para si ou simplesmente de si. Quem escreve está sempre acompanhado. Por mais só que se encontre. Por mais vazio. Por mais que não o perceba existe sempre alguém. Algo guardado inquieto ou adormecido. Algo de sopro. Algo de toque de chuva ou raio de sol. A escrita foi inventada para despertar acção. Mais ou menos consciente mas acção. Quem escreve, mesmo que seja uma história, fá-lo para quê? Qual o sentido de contar uma história? Ensinar? Retratar? Levantar a dúvida? Que sabemos nós de que quer que seja? E porque lemos? Para conhecer? Quanto saber dispensaríamos? Quanta felicidade pode morar na ignorância? No fundo quem escreve dá sinais. Liberta-os. Sinais que por vezes nem ele próprio sabe, mas sente. Que o povoam colados como uma sombra. Que lhe exigem um movimento. Por mais brando. Por mais ténue. Que lhe exigem um embalo. Mais ou menos intenso. Mais ou menos consciente. Mais ou menos directo. Escrevemos para nos descobrir ou para nos descobrirem? Sinceramente não sei. Sinceramente já não sei.
9 comentários:
Escrevemos por isso tudo... :)
Há sempre um exorcismo na escrita, vê lá e Expiação do Ian McEwan ...
É também por essas razões todas que às vezes, alguns, se calam ;)
xin xin
Escrevemos por necessidade!
Essa é a minha crença... o que acaba por ser uma consequência do que escreveste! Ou tudo o que escreveste é a consequência.
Mas é como estarmos a ler um livro e ao mesmo tempo estar a pensar no processo de aprendizagem que nos levou a conseguir ler... mais cedo ou mais tarde vai-nos fazer gaguejar. Por isso e para que isso não aconteça na escrita há que deixar esse ímpeto que vem de dentro, essa força que parece vir de fora, esse inatingível e indizível ganhar a sua forma nas palavras que escrevemos e que gostamos de partilhar!
Porque escrever é isso... é partilhar todos os nossos mundos com os mundos de todos os outros!!!
Beijo
s
Escrevemos para nos encontrarmos e para nos encontrarem.
Enviamos sinais, sem dúvidas! Há sempre, mas sempre sinal de algo....de amor, de paixão, de desgosto, de furia, de ansiedade, de medo, de ..... de....
escrevemos para dar voz a tudo o que nos vai na alma
Eheheheh... a questão do costume. Passa lá em casa e procura um post de Outubro ou Novembro em que tento responder a essa questão.
Há contudo uma coisa em que eu acredito: toda a arte é produto da solidão. Quem se sente acompanhado, não escreve. Quem está acompanhado não pinta. Toda a arte é solitária, e expressão de um eu individual e só. Só estando sós somos livres. E a arte é um grito de liberdade.
Ah, o tal post chama-se "why write". Beijinhos
Escremos por tudo isso...
Eu escrevo porque me liberto nas palavras...
... para nos escondermos.
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