9.02.2008

O Fim

Ontem julguei ter visto a luz
Nas horas brancas conduzi o despertar
E fui subindo a escada
Que me separava do meu fim

Abandonei quem já passou
Fechei os olhos e previ o que encontrei
E foi nesta viagem
Que percebi que não estou só


Jorge Palma



Gostava de poder lembrar o embate. Em que momento ocorrera? Esse pequeno fragmento de pó. Invisível a olhos nus. Que estalara, para sempre, esse seu vidro de mundo. Ecoando uma sede de doença. Que lhe ancorara raízes profundas. Gretando o fundo de seu lago interior. Atraiçoando peixes coloridos e anémonas tranquilas. Fragmentos soltos de algo outrora seu ou talvez nunca alcançado. Tornando o ar irrespirável. Frágil. Etéreo.

Caminhava pelo abismo a galope. Sentia-o no apagar das luzes. Desprendendo-se de tudo ao redor. Ouvia o som do vidro em riscos de instáveis direcções. Serpentes vivas. Famintas. Gretando gemidos de gelo. Pesar? Chamamento? Não sabia, ao certo, mas o caminho parecia chegar ao fim. Finalmente ao fim.

5 comentários:

Rosa disse...

Isso interessa? O momento certo do embate?

Dry-Martini disse...

Há embates muito dificeis de entender minha cara Rosita mas concordo que existem momentos muito mais interessantes

Petit Leaves disse...

Por vezes, é bom chegar ao fim, por pior que ele seja. Só assim temos a hipótese de começar tudo de novo.

Dry-Martini disse...

Susana: Precisamente .)

XinXin

Poetic Girl disse...

Ás vezes é mesmo melhor sofrermos logo o embate em vez de andarmos a adiar... bjs

Assíduos do shaker

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