Dizem que trazes dinheiro e bom agouro, Francisca. Mas de ti nada quero. Nada me importa, nesses dois companheiros, Francisca. O dinheiro não traz felicidade e a sorte faz-se. Não é o que dizem também, Francisca? Também não me interessa nada o que dizem, se queres mesmo saber. Interessas-me tu, Francisca. Sim. Olhar para ti. Para o teu jeito leve e suspenso. Olhar-te sem que me vejas. Para seres apenas tu mesma. Sem nada interferir nesse teu jeito. Tens o tempo certo, Francisca. E danças com ele, deixando-o consternado. Nessa tua corda suspensa. És a minha trapezista de prata envelhecida, neste circo sem cor em que se encontra o meu olhar, Francisca. És um rabisco de carvão que escapou e se move lentamente em tinta da china. Teceste-me um abraço sem o saberes, Francisca. Invisível mas forte. Tão forte, Francisca. Naquela noite em que desceste pelos meus olhos, para te aventurares pelo silêncio da mesa. Apenas nós dois, Francisca. Nós dois e a respiração. Marcando o tempo, a levitar. Se calhar nem te lembras de mim, Francisca, mas fiquei teu fã, sabes? Fã da tranquilidade mágica da aranhiça suspensa de nome Francisca.
1 comentário:
m'ha encantat!
un bon dia...en suspensión...
"Teceste-me um abraço sem o saberes, Francisca. Invisível mas forte. (...).Naquela noite em que desceste pelos meus olhos, para te aventurares pelo silêncio da mesa.(...)"
Xin-Xin
Enviar um comentário