4.23.2008

Olhos verdes

Habituara-se cedo a distinguir a cor das árvores. Cada uma diferente na sua nobreza delicada. Na simplicidade perfeita das folhas, dos ramos. Na dança das sombras. A singularidade das texturas e dos silêncios. Seculares. Esguios. Mas naquele dia um verde de olhos tristes cruzara o seu olhar num brilho magnético. Numa espécie de pedrada na água soltando ondas. Um arrepio repentino que logo se fez calor, como quem conhece uma pessoa e fica amigo de infância. Essa árvore passou a ter nome e raízes profundas que sempre apertam. Lá no alto. Algures entre a folhagem de olhos verdes.

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