Os dedos quentes nas teclas frias de um piano. O respirar da noite lá fora. À escuta. Envolta num mar de luzes. Atenta. Esperando a próxima nota. A próxima melodia. O tempo suspenso. A pairar. Uma pausa para a bebida. Um afago demorado na madeira polida. Espelho sensual de curvas femininas. Que reflecte ela diferente do som? Talvez a alma seja maior que todos os sentidos. As mãos e as teclas novamente entrelaçadas em beijos tácteis. Soltando um éter invisível. Ameno. Que assenta, aos poucos, nas paredes. Nas cadeiras arrumadas. No chão. Uma espécie de pó arrefecendo em morte lenta, no calar do eco. Lá fora a noite e a cidade misturando-se cada vez mais. Num vulto de mulher vestida de seda e colar de pérolas. Aproximando-se, aos poucos, com os sapatos nas mãos. Abrindo uma fresta da vidraça enorme. Aproximando-se em silêncio daquele piano.
1 comentário:
gostei especialmente desta imagem:
"Aproximando-se, aos poucos, com os sapatos nas mãos. Abrindo uma fresta da vidraça enorme. Aproximando-se em silêncio daquele piano."
os sapatos nas mão, é de uma sensualidade imensa! :)
XinXin Dry
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