Começava a escrever sem saber o que ia escrever. Acreditava que eram as palavras que se iam escrevendo umas às outras, cada uma trazendo consigo a seguinte, pois que a vontade e a premeditação me impediriam de atingir o meu objectivo, que desconhecia, que só se revelaria pouco a pouco conforme as frases, os parágrafos, se fossem escrevendo. Qualquer frase pensada antes de escrever não prestava para nada, disso tinha a certeza. O que mais importava era o que me transportava sem que pudesse saber para onde. Tinha também a superstição de que o tamanho da história que escrevia não podia ultrapassar uma página, simplesmente porque o ter de mudar de página quebrava a magia de que ela, a história, precisava para viver. Eram, por isso, histórias do tamanho de uma mão.
Pedro Paixão
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