Tinha envelhecido numa semana mais do que num ano. Uma semana lixada, que deixara as suas marcas e limalhas no ar. Nos cabelos brotara uma ténue geada que viera para ficar. Prateada. De um brilho lunar. Uma ruga adormecida espreguiçava-se agora no rosto. Discretamente. Baloiçando atenta com o piscar dos olhos. Num trapézio lento e invisível. No seu corpo morava agora a cor misteriosa dos espelhos. Reflectindo a luz. Resguardando-se. Uma armadura de nevoeiro com chave de enigma. Menos dada. Menos espontânea. Mais regrada mas não perdida. Uma ferrugem. Uma sombra esguia. A sombra dum abraço inacabado.
2 comentários:
Pelo sim, pelo não, termino sempre os meus abraços...
[Para envelhecer em velocidade cruzeiro.]
Bonito!
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