9.05.2007

A casca

Como detesto cascas...


Continuamos a tratar da casca
Continuamos a moldar a casca
Continuamos a remar de costas
E a provar águas quase mortas
E a viver ruas já pisadas
E a levar pedras já usadas
Num saco meio roto
Num saco meio morto

Tentamos não manchar a casca
Para fazer brilhar a casca
Tentamos não parar de costas
Tentamos não falhar respostas
Que nunca nos vejam de fora!!
É para nós que o mundo adora
Passos de dança no chão
É para nós que os olhos olham.

Tentamos disfarçar demónios
Por medo desviamos olhos
Por fuga apagamos fogos
Por escudos renascemos novos
Sem rasto esquecemos lábios
Altivos, rastejamos, sábios
Cada vez mais fundo
No buraco do mundo

Com força agarra-se a casca
Que é só o que nos resta
Que o mastro derreteu
Mais tudo encolheu
Quisemos testar barreiras
E construímos teias
Difíceis de romper
E aqui ficamos presos
...na casca.

Casca é tempo que dói
É janela fechada que estilhaça
quando se olha para trás..
Vento é o que bate na cara
É só largar a casca!!
Não se olha para trás!


Toranja

2 comentários:

lilazdavioleta disse...

Sou contra o uso da casca como suporte ou roupagem.
Mas, por vezes, quando a agressividade se faz presente, e nem sempre estamos capazes de a enfrentar, uma casquinha " dá geito ".
Só mesmo para este caso específico.

lilazdavioleta disse...

Mais,uma casquinha também dava muito jeito, para esconder um " geito ", vindo não sei de onde.

Assíduos do shaker

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