8.22.2007

Ao longe

Passeava pelo jardins. Descalça. Na relva rasa aparada. Pé ante pé, com a suavidade natural do cair da folha. Cabelo arranjado, silhueta terna, sobriedade de colar de pérolas.

Mas era uma fera ferida. Estampada no vermelho do seu vestido, cintado. Hasteado no verde dos campos. Circulando, sem nunca parar, como quem procura uma saída, nos labirintos espessos do arvoredo.

Avistava-a pela janela, sem que me visse. Sempre em dias cinzentos. E ali ficava, a contempla-la. Na distância. Curioso. Nunca soube o seu nome. A sua origem ou seu destino. E agora que deixara, também, de a ver. Dou por mim, às vezes, a olhar ao longe, para uma papoila do campo. Lá longe, na folhagem.

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