Consta que há muito, muito tempo, num tempo onde o tempo ainda não era tempo a lua chorou. Numa noite esquecida, por uma única vez, duas lágrimas foram derramadas sobre uma folha de jardim. Uma simples folha de carvalho, envelhecida pelo Outono do tal tempo. De pele rugosa, desértica, marcada com a sina dos Homens nas suas veias.
Uma das lágrimas tinha o sal dos mares enquanto a segunda, a doce pureza do gelo. Percorrendo os canais da folha, foram pintando, um a um, todos os seus poros, num deslizar incerto até, finalmente, se unirem.
Reza a história que essa gota tem a magia dos Deuses e a folha os segredos do Universo. Nunca foi encontrada pois a Lua protegeu-se, concentrando em si os olhares dos Homens. Bela, magnética, sedutora, fatal. Tudo isso nos deu, para nunca saberemos o porquê do seu chorar.
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