1.29.2007

O Homem folha

O Homem folha vivia num mundo onde existiam estações. Não de comboios. Mas onde Primavera, Verão, Outono e Inverno não constavam apenas no dicionário.
Um mundo de consciências translúcidas, educação verdejante e icebergs sólidos de valores.
Um mundo de conservadores-recebedores em vez de poluidores-pagadores.
Um mundo onde se andava a pé, fazendo o caminho caminhando. Na lentidão harmoniosa do saber esperar para colher.
Um mundo com pandas, tigres da Sibéria, rinocerontes negros e com políticos mesquinhos em vias de extinção.
Um mundo onde a política agrícola comum não era sinónimo de fome e indiferença comum.
Um mundo não de minutos verdes mas de verdes anos.
Um mundo reciclado de reciclagens consumistas.
Um mundo não de petróleo viscoso mas de água cristalina.
Um mundo sem ozono, radiações ou CO2 mas com lufadas de oxigénio para as crianças.
Um mundo sem inundações, secas, fogos e chuvas ácidas mas com tsunamis de esperança num futuro melhor.
O Homem folha não existe. Mas em breve talvez não exista também Homem nem folhas. Lembremos portanto o Homem folha.

1 comentário:

Andrómeda disse...

Watson, você às vezes tem rasgos de pura lucidez e poesia :)
Parabéns!

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