Amado Nervo
O que me custa não é o fim.
Tudo tem um fim. E renasce, talvez.
Custa sim a partida, despida de memória
o esvaziar dos cestos
de imagens, cheiros, formas e sabores.
O esquecimento branco
silencioso,
de afectos, sentimentos, sorrisos.
Apagados.
Ausência de história
de passados cúmplices.
De melodias
Do mar, de azul em azul.
Será possível preservar tudo isso?
Não creio, apenas alguns “dejás-vus”.
Sátira ou arrependimento do criador
esse património não volta.
Nunca, nunca mais…
"Nunca mais este momento
será teu
lentamente há-de chegar
o fim da linha
enfim
Nunca mais o mesmo modo
o mesmo sol
e a noite pouco a pouco
de azul em azul
Nunca mais este momento voltará
Lentamente o vento,
o movimento, o mar,
o ar
Viajará esta noite rio a cima
e nunca mais o mesmo sol
o céu, a terra
Nunca mais"
e nunca mais o mesmo sol
o céu, a terra
Nunca mais"
Rádio Macau
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