"Time is a train makes de future the past"
U2
Passei toda a manhã a correr. A ponte, imagina… Como a que pediste para retirar entre nós, para nos dificultar o caminho. Mas não sei se somos caminhantes ou corrente do rio, que tudo percorre e arrasta.
Queria transpirar, libertar pelos poros todo o desejo que habitava no meu corpo, transformar a tua imagem em vapor de água, cansar-me até à exaustão, lutar, esquecer-me de ti. Era esse o meu propósito, não os quilómetros que tinha pela frente.
Coloquei os “phonos”, com música bem alta, e comecei a correr. Apesar da multidão, entrei noutra dimensão, outro mundo, outro tempo. Tenho essa faceta. Abro uma porta e encontro outros locais, ficando como que invisível. Um condor planando no alto, ao sabor do vento, olhando em redor o mundo na perspectiva de não lhe pertencer. Não sei como nem quando isso começou, nem lhe reconheço virtude ou tormento, mas tenho esses momentos.
Corria, e a água espelhada do rio reflectia o céu, e com ele, a nuvem que guardara para ti. Uma nuvem com tanto para contar, para descobrir, para crescer. Uma nuvem com lagos para nos banharmos ao luar. Um novo alfabeto para decifrar. Um mundo nosso, sem regras, resistências, dúvidas ou razões. Pena que o céu esteja mais denso e encoberto.
Apesar da meta da manhã já ter passado, continuarei a correr, pois a vida não é mais que uma corrida contra o tempo. Correrei por este e por outros mundos, só meus, só nossos.
Por que caminhos? Direcções? Não sei…
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