9.29.2011

Coisas que te dou

Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.

Eugénio de Andrade

9.24.2011

C minor


Dá-me a música dos teus dedos
Nadando nua p´los meus sentidos
Trazendo a noite esguia nos cabelos
e a tempestade forte que arrepia

Dá-ma e foge
em seda, em dança à chuva aluada
pois nela te trago ao ouvido
pois nela corro para ti

Assíduos do shaker

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