8.22.2011

Anzol

Agarrar o anzol
Deixar entrar o anzol
Cravar, cravejar o anzol
Rasgar alma e carne no anzol
Entregar a dor ao anzol
e atar o sol ao anzol
Morder. Não dar luta ao anzol
Deixar puxar o anzol
Sangrar, esvair na curva do anzol
Desfalecer, repousar no anzol
Sem medo, sem pressa, sem retorno
Deixar, deixá-lo ao anzol
encontrar meus cantos de sereia



Diz-me, já

Para que serve o amor, diz-me já.
Serve para perder o medo.

Pedro Paixão

8.06.2011

Algures [num só]


Há imagens que nos tocam sem sabermos porquê. Sem nunca as termos visto ou espelharem algo familiar. Tocam-nos simplesmente para nos prenderem e levarem no seu trote vagaroso. Sussurram-nos, desde a primeira vez, assim de repente, como um cair da noite, que se faz. Cobrem-nos os sentidos e entranham-se nos poros. Aparecem aqui e acolá como pingos de chuva na pele, fazem-nos luz. Há imagens que nos tocam guiando-nos, algures, num só.


Assíduos do shaker

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