3.31.2008

Sim

Gosto de dizer sim. Dizer sim é querer resolver problemas, é seguir em frente, é lançar-se sem medo, rejeitar as amarras da auto-preservação.


José Luís Peixoto

Hoje disse um sim complicado. A ver vamos ...

3.30.2008

Baltimore, o morcego guardião

Que idade tens Baltimore? Que descansas do mundo de pernas para o ar. Talvez se veja melhor, de facto, nessa posição. E quem esteja afinal invertido seja ele próprio e não tu Baltimore. Que guardas tu encostado ao peito? Para escolheres apenas a noite mais proibida, mais fria, para abrir asas. Quem foste em tempos Baltimore? De que te cansaste tanto? De que choras calado? Aqueces-te no sangue. Teu sol fugaz. Mas é a ti que te consomes, aos poucos, guardando um segredo. Profano. Só teu.

3.29.2008

Levitar

Deixa-te ficar assim. Deitada. Na imóvel luxúria do levitar da alma. Como um vinho delicado repousando à lareira.

3.28.2008

The Test



Oooooh
Can you hear me now?
Yeeeeeaaahhhhhh
Am I coming through?
Is it sweet and pure and true?

Devil came by this morning,
said he had something to show me,
I was looking like I'd never seen a face before,
here we go now let's slide in through the open door.

Pictures of things that I've done before,
circling around me I'm here on the floor,
I'm dreaming this and I'm dreaming that,
regretting nothing think about that.

I see waves breaking forms on my horizons,
yeah I'm shining,
I'm seeing waves breaking forms on my horizons,
lord I'm shining,
Oooohhh are you hearing me, like I'm hearing you

You know I always lost my mind,
I can't explain where I've been,
You know I almost lost my mind,
I couldn't explain what I've seen.
Well I'm happy, am I to learn (line may not be right)
too find that the images are fading away.

I see waves breaking forms on my horizons,
yeah I'm shining,
I'm seeing waves breaking forms on my horizons,
lord I'm shining,
Oooohhh are you hearing me, like I'm hearing you

You know I always lost my mind,
I can't explain where I've been,
You know I almost lost my my mind,
I couldn't explain the things I've seen.
But now I think I see the light
Lend me a hand,
lend me your hand,
Lend me a hand,
lend me your hand,
Lend me your hand.

I´ve seen waves breaking forms on my horizons,
yeah I'm shining,
I'm seeing waves breaking forms on my horizons,
lord I'm shining,
Oooohhh are you hearing me, like I'm hearing you

You know I almost lost my mind,
but now I'm home
and I'm free,
Did I pass the acid test?

Ohhhhhh my my my my my my mind
You'd better go to bed now

My heart is so damn free,
You know I always lost my mind,
but now I'm home and I'm free,
Did I pass the acid test?

Ohhhhhh my my my my my my mind


Chemical Brothers with Richard Ashcroft - The test

3.27.2008

Tamanho de uma mão fechada

Começava a escrever sem saber o que ia escrever. Acreditava que eram as palavras que se iam escrevendo umas às outras, cada uma trazendo consigo a seguinte, pois que a vontade e a premeditação me impediriam de atingir o meu objectivo, que desconhecia, que só se revelaria pouco a pouco conforme as frases, os parágrafos, se fossem escrevendo. Qualquer frase pensada antes de escrever não prestava para nada, disso tinha a certeza. O que mais importava era o que me transportava sem que pudesse saber para onde. Tinha também a superstição de que o tamanho da história que escrevia não podia ultrapassar uma página, simplesmente porque o ter de mudar de página quebrava a magia de que ela, a história, precisava para viver. Eram, por isso, histórias do tamanho de uma mão.


Pedro Paixão

3.26.2008

Atlântida

Devíamos viver na água
envoltos, na ausência da palavra
Tocados pelas algas do silêncio.
Longas, acenando livres
aos olhares demorados. Quase tácteis.
À distância de uma mão
unindo em círculos perfeitos - dois a dois
Tu e Eu, na frágil forma da bolha de ar
perdida a flutuar.
Olha para ela, já rebentou
do tanto que te vimos
sem nada dizer.
Matámos a sede
rodeados de mar.

3.25.2008

Comunicado muito importante

Atenção. Muita antenção. A mensagem que se segue é de extrema importância...



Espero que tenham percebido a mensagem. Eu avisei da sua importância.

3.23.2008

Cor de abraço inacabado

Tinha envelhecido numa semana mais do que num ano. Uma semana lixada, que deixara as suas marcas e limalhas no ar. Nos cabelos brotara uma ténue geada que viera para ficar. Prateada. De um brilho lunar. Uma ruga adormecida espreguiçava-se agora no rosto. Discretamente. Baloiçando atenta com o piscar dos olhos. Num trapézio lento e invisível. No seu corpo morava agora a cor misteriosa dos espelhos. Reflectindo a luz. Resguardando-se. Uma armadura de nevoeiro com chave de enigma. Menos dada. Menos espontânea. Mais regrada mas não perdida. Uma ferrugem. Uma sombra esguia. A sombra dum abraço inacabado.

3.22.2008

Twenty years

There are twenty years to go
And twenty ways to know
Who'll wear, who'll wear the hat

There are twenty years to go
The best of all I hope
Enjoy the ride
The medicine show

Thems the breaks
For we designer fakes
We need to concentrate on more than meets the eye

There are twenty years to go
The faithful and the low
The best of starts, the broken heart, the stone

There are twenty years to go
The punch drunk and the blow
The worst of starts, the mercy part, the phone

And thems the breaks
For we designer fakes
We need to concentrate on more than meets the eye

Thems the breaks
For we designer fakes
But it's you i take, cause you're the truth, not I

There are twenty years to go
A golden age I know
But all will pass will end too fast you know

There are twenty years to go
And many friends I hope
Though some may hold the rose
Some hold the rope

That's the end - and that's the start of it
That's the whole - and that's the part of it
That's the hide - and that's the heart of it
That's the long - and that's the short of it
That's the best - and that's the test in it
That's the doubt - the doubt, the trust in it
That's the sight - and that's the sound of it
That's the gift - and that's the trick in it

You're the truth, not I, you're the truth, not I
You're the truth, not I, you're the truth, not I

You're the truth, not I, you're the truth, not I
You're the truth, not I, You're the truth, not I.

Placebo

3.21.2008

Receita para juntar duas pessoas (impossíveis de juntar)

Ingredientes principais: verbo transitivo ou reflexo (juntar); substantivo masculino (impossível);
Ingredientes secundários (mas não menos importantes): personagem feminina; personagem masculina; esquina aguçada e grão de poeira;
Nível de dificuldade: Dificílimo (mas não impossível)
Modo de preparação:

A personagem (feminina, primeiro as senhoras) impossível de juntar caminha calmamente pela rua cinzenta, de betão. Estão a ver as dificuldades? Começam já aqui, no país da calçada portuguesa. Mas adiante. Caminha, num passo certo, quase metódico. Nem muito acelerando, nem muito lento. Atente-se, é importante o ritmo para que as claras não fiquem em castelo. Caminha nesse passo preciso, pelo piso meio molhado pela chuva que ameaça voltar (pois a massa está a ficar demasiado consistente). Pensa no novo filme que quer ver, depois do trabalho, no livro do sniper que ouviu falar, nos anjos de Lisboa, e no sotaque russo que parece ouvir daquela janela do primeiro andar. Tudo ao mesmo tempo, mexido lentamente.

A personagem (masculina) impossível de juntar caminha perpendicularmente e na sua direcção. Apressado (pois o recheio quer-se em ponto rebuçado). Volta para traz pois esqueceu-se duma coisa (que não revelo) na garagem – mais propriamente no carro. Avança contra a corrente sem grandes descrições (pois não o conheço, mas também não interessa nada pois dizem que os homens são todos iguais, mesmo os impossíveis de juntar). Apenas um pormenor: sapatos de sola.

As duas personagens (impossíveis de juntar) aproximam-se vertiginosamente da esquina aguçada (a mais afiada da região em homenagem à minha nova faca de sushi). Mesmo ao dobrar a esquina a chuva não se contem (lembrando que a massa já quase não se consegue mexer) e cai violentamente. É nesse preciso momento que entra a única especiaria da receita – o grão de poeira. A personagem feminina, na densidão cinzenta da rua, repara que a poeira tem um brilho mágico, nunca visto e fica especada a olhar para o chão, enquanto que a personagem masculina (devido talvez aos sapatos de sola) escorrega e desequilibra-se.

Talvez por ser uma receita (para juntar duas pessoas quase impossíveis de juntar) um pouco sigilosa e bastante invulgar, é a personagem masculina que cai nos braços da personagem feminina, levando-a também a juntar-se ao conforto de uma poça de água. Alguns puristas afirmam que a receita apenas é totalmente conseguida quando se consegue ler no reflexo da água “impossible is nothing” em tons brilhantes de poeira. Mas disso já não estou certo, talvez por ser um slogan publicitário e eu apenas perceber de receitas.


Para a minha amiga Sigourney. Espero que resulte .)

3.20.2008

Adivinha quanto gosto de ti

A pequena lebre castanha, que se ia deitar, agarrou-se bem agarrada às orelhas muito compridas da grande lebre castanha. Quis ter a certeza de que a grande lebre castanha estava a ouvir.
- Adivinha quanto eu gosto de ti – disse ela.
- Ora bem, acho que não consigo adivinhar isso – disse a grande lebre castanha.
- Como assim - disse a pequena lebre castanha, esticando os braços o mais que podia. A grande lebre castanha tinha uns braços ainda maiores.
- Mas eu gosto de Ti assim – disse ela.
“Humm, é muito”, pensou a pequena lebre castanha.
- Gosto de ti esta altura toda – disse a pequena lebre castanha.
- E eu gosto de ti esta altura toda – disse a grande lebre castanha.
“É mesmo alto” pensou a pequena lebre castanha. “Quem me dera ter uns braços assim”. Então a pequena lebre castanha teve uma boa ideia. Fez o pino, encostada ao tronco muito esticadinha.
- Gosto de ti até à ponta dos pés! - disse ela.
- E eu gosto de ti até à ponta dos teus pés – disse a grande lebre castanha, fazendo-a girar por cima da cabeça.
- Gosto de ti até onde eu consigo saltar! – riu-se a pequena lebre castanha, dando pulos e mais pulos.
- Mas eu gosto de ti até onde eu consigo saltar – sorriu a grande lebre castanha, e saltou tão alto que as orelhas tocaram no ramo da árvore.
“Isto é que é saltar”, pensou a pequena lebre castanha. “Quem me dera saltar assim”.
- Gosto de ti o caminho todo até ao rio – gritou a pequena lebre castanha.
- E eu gosto de ti até depois do rio e dos montes – disse a grande lebre castanha.
“É mesmo longe”, pensou a pequena lebre castanha. Tinha tanto sono que já quase nem conseguia pensar. Então olhou para além das moitas, para a grande noite escura. Nada podia ser mais longe do que o céu.
- Gosto de ti até à lua – disse ela, e fechou os olhos.
- Ora, se isso é longe – disse a grande lebre castanha. – É mesmo, mesmo longe.
A grande lebre castanha deitou a pequena lebre castanha na caminha de folhas. Inclinou-se e deu-lhe um beijo de boas-noites. Depois deitou-se muito pertinho e murmurou sorrindo: - E eu gosto de ti até à lua …
... e de volta até cá abaixo.

Sam McBratney



Às vezes, quando gostamos muito, muito de alguém, queremos encontrar uma maneira de descrever como os nossos sentimentos são grandes. Mas, como descobrem a pequena lebre castanha e a grande lebre castanha o amor não é coisa fácil de medir!

Obrigado por me mostrares o quanto gosto de ti (pequena lebre castanha).

3.19.2008

Recado escrito num papel rosa

Não fugi.
Fui só às compras.
Não sei porque não fujo, talvez porque não posso.
Não sei porque volto. Talvez porque precise.
Espera por mim que eu volto, enquanto puder.
Mas quando eu fugir, vai atrás de mim
e faz-me sentir amada.


Pedro Paixão

3.14.2008

Escapadela

Fugir. Mudar de ares. Depressa. Agora. Algures, por aí. Por parte incerta. Pouca bagagem. Uns jeans, uma camisa branca, óculos escuros, calções de praia, uma muda de roupa, i-pod, música variada, cartão de crédito e livros. Sim livros. Muitos livros. Como alimento de primeira necessidade. Pouca poesia (consome-se demasiado depressa). Desta vez homens contemporâneos portugueses: Pedro Paixão, José Luís Peixoto, Miguel F. Tavares, Sousa Tavares, Lobo Antunes (pronto um não tanto contemporâneo, mais encorpado, ideal para acompanhar um bom tinto a olhar o mar). Mar ou deserto? Ainda não sei. Logo se vê. Confio no acaso. E ambos contêm a vastidão e o silêncio que trazem a suave intimidade com o tempo. Café forte. Dias de sol. Noites frias. Um cigarro, talvez. Não muito tempo. O suficiente.

3.13.2008

Memória não vivida

Dead Can Dance, Yulunga


Hoje fechei os olhos para entrar na densa lentidão da natureza. Pura. Milenar. Fui neblina e respirar. Som e movimento. Percorri todas as cores. Todos os cheiros. Senti a gota percorrendo a curva da folha e a força do rio. Fui selva, noite e deserto. Dança de corpos alados. Fogo, terra e uivo, num planar de condor. Memória não vivida, mas tão real.

3.12.2008

Bruxa

"Não acredito em bruxas, mas que as há... há"


Após sucessivas e prolongadas constatações sou levado a reconhecer (apesar da falta de crença) que preciso mesmo "ir à bruxa". Aceitam-se referências, se possível apresentáveis e sem verruga.

3.11.2008

Vem comigo

vem comigo
ver as pirâmides fantásticas do vento
no interior luminoso da terra encontrarás
o segredo de quartzo para desvendares o tempo
onde contemplamos a fulva doçura das cerejas

iremos para onde os restos de vida não acordem
a dor da imensa árvore a sombra
dos cabelos carregados de pólenes e de astros
crescemos lado a lado com o dragão
o súbito relâmpago dos frutos amadurecendo
iluminará por um instante as águas do jardim
e o alecrim perfumará os noctívagos passos
há muito prisioneiros no barro
onde o rosto se transforme e morre
e já não nos pertence

vem comigo
praticar essa arte imemorial de quem espera
não se sabe o quê junto à janela
encolho-me
como se fechasse uma gaveta para sempre
caminhasse onde caiu um lenço
mas levanto os olhos
quando o verão entra pelo quarto e devassa
esta humilde existência de papel

vem comigo
as palavras nada podem revelar
esqueci-as quase todas onde vislumbro um fogo
pegando fogo ao corpo mais próximo do meu


Al Berto

3.10.2008

Razão ou felicidade?

Oito da noite numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar em casa de uns amigos. A morada é nova, bem como o caminho que ela consultou no mapa antes de sair.
Ele conduz o carro. Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda. Ele tem certeza de que é à direita. Discutem. Percebendo que além de atrasados, poderão ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado. Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados.
Ele, no entanto pergunta-lhe: "Se tinhas tanta certeza de que eu estava a ir pelo caminho errado, devias ter insistido um pouco mais..." Ela responde: "Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!"



Esta pequena história foi contada por uma empresária, numa conferência, para ilustrar a energia que normalmente é desperdiçada apenas para demonstrar a posse da razão, independentemente de a ter ou não ter realmente. Desde que a ouvi tenho-me questionado, em muitas situações, se quero a razão ou a felicidade, sobretudo com as pessoas chegadas. Exprimentem ...

3.09.2008

10 Coisas dispensáveis num concerto

1. Esperar que a nossa companhia feminina se acabe de arranjar;
2. Esquecermo-nos que esse atraso não é específico dos concertos;
3. Conseguir, por milagre, chegar a horas e ser brindado com a banda de abertura para a qual não pagámos bilhete;
4. Ir ao bar e pagar 3 Euros por uma cerveja estupidamente não gelada;
5. Oferecerem-nos pipocas e queijadas de Sintra para abrir o apetite para a banda principal;
6. Pseudos Joaquim Cortez que insistem em "dançar" ao balcão, tapando-nos a vista e não se apercebendo das suas figuras;
7. Não tocarem a nossa música favorita;
8. Apercebermo-nos que apesar de não saberem as letras se insiste num arrastar de sons apenas com algumas palavras pelo meio;
9. Encores parolos que prolongam um final perfeito a um término entediante;
10. Chegar à conclusão que ouviamos aquelas músicas há 10 anos atraz;

3.08.2008

The forest



Come closer and see
see into the trees
find the girl
while you can
Come closer and see
see into the dark
just follow your eyes
just follow your eyes

I hear her voice
calling my name
the sound is deep
in the dark
I hear her voice
and start to run
into the trees
into the trees

into the trees

Suddenly I stop
but i know it's too late
I'm lost in a forest
all alone
The girl was never there
it's always the same
I'm running towards nothing
again and again and again



The Cure, The forest (acoustic)



Mais velhinhos mas ainda muito bons. Bom concerto!

3.07.2008

A menina aflita

“Se uma laranja não for descascada com um sorriso saberá mal. Isto foi o que a avó ensinou. Na faculdade aprendi outras coisas, mas nenhuma mais importante”.

Francisco M. Tavares


A menina aflita relia o livro de apontamentos pela última vez. Como um maestro inseguro. Gesticulando mnemónicas no ar. Presas ao espaço. Obesas. Desprovidas de som.
O tempo corre, veloz, e a menina aflita.

A menina aflita levava as mãos aos olhos, que se fechavam, cerrados. E novamente um gesto, no ar. Chegando a levantar a dúvida se seria muda. Os nervos propagam-se na lentidão da noite.
O tempo esvai-se, insensível, e a menina aflita.

A menina aflita é bonita. Ou feia bonita. Não sei. Nova, isso sim. Tão nova. Nova demais. E parecia que naquele velho livro de apontamentos, de letra redonda, residia o mais geométrico e rectilíneo dos destinos. O tudo ou nada.
O tempo está a acabar e a menina também, de tão aflita.

Chamou-me o olhar, aquela menina aflita.

3.06.2008

A fabulosa fábula dos F's


Um homem franzino chega a um restaurante, senta-se calmamente e, acenando com o braço, diz: - Faz favor: frango frito, favas, farinheira...
- Acompanhado com quê? Pergunta o empregado
- Feijão.
- Deseja beber alguma coisa?
- Fanta fresca.
- Um pãozinho antes da refeição?
- Fatias fininhas.
O empregado anota o pedido, já meio intrigado: "Este tipo fala tudo com F's!"
Depois do homem terminar a refeição, o empregado pergunta-lhe:
- Vai querer sobremesa?
- Fruta.
- Tem alguma preferência?
- Figos.
Depois da sobremesa, o empregado pergunta:
- Deseja um café?
- Forte. Fervendo.
Quando o cliente termina o café:
- Então, como estava o cafézinho?
- Frio, fraco. Faltou filtrar. Formiguinha flutuando.
Aí o empregado pensa: "Vamos ver até aonde é que ele vai".
- Como é que o senhor se chama?
- Fernando Fagundes Faria Filho.
- De onde vem?
- Fafe.
- Trabalha?
- Fui ferreiro.
- Deixou o emprego?
- Fui forçado.
- Por quê?
- Faltou ferro.
- E o que é que fazia?
- Ferrolhos, ferraduras, facas... Ferragens.
- Tem um clube favorito?
- Fui Famalicense.
- E deixou de ser porquê?
- Futebol feio farta.
- Qual e o seu clube, agora?
- Feirense.
- O senhor é casado?
- Fui.
- E sua esposa?
- Faleceu.
- De quê?
- Foram furúnculos, frieiras... ficou fraquinha... finou-se.
O empregado de mesa perde então a calma:
- Olhe lá! Se você disser mais dez palavras começadas com a letra "F"... não paga a conta. Pronto!
- Formidável, fantástico. Foi fácil ficar freguês falando frases fixes.
O homem levanta-se e dirige-se para a saída, enquanto o empregado ainda lança:
- Espere aí! Ainda falta uma!
O homem responde, sem se virar:
- Faltava.

3.05.2008

Lembrança que te esqueci

Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?
Mário Quintana

3.04.2008

Coisas simples

Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios.


Nuno Júdice

3.03.2008

Close your eyes



Out on the tar plains, the glides are moving
All looking for a new place to drive
You sit beside me, so newly charming
Sweating dew drops glisten, freshing your side

The sun slips down bedding heavy behind
The front of your dress all shadowy lined
And the droning engine throbs in time
With your beating heart

Way down the lane away, living for another day
The aphids swarm up in the drifting haze
Swim seagull in the sky
Towards that hollow western isle
My envied lady holds you fast in her gaze

The sun slips down bedding heavy behind
The front of your dress all shadowy lined
And the droning engine throbs in time
With your beating heart
Sing Blue Silver

And watching lovers part, I feel you smiling
What glass splinters lie so deep in your mind
To tear out from your eyes
With a word to stiffen brooding lies
But I'll only watch you leave me further behind

The sun slips down bedding heavy behind
The front of your dress all shadowy lined
And the droning engine throbs in time
With your beating heart
Sing Blue Silver

Duran Duran, The chauffer

3.02.2008

Escritor

Era um velho amigo que primeiro olhava, depois respirava, depois falava e só no fim agia. Claro que foi escritor.

Francisco M. Tavares

3.01.2008

Dia 1

O mais importante em qualquer mudança é ter a consciência que temos, em nós, o poder mágico de fazer pequenos milagres.

Assíduos do shaker

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