7.12.2008

Sabor do vento

O rio a correr, ao sabor do vento e ela avançando. Apressada. No sentido oposto. Lado a lado. Até que, como que sustida pelo olhar, abrandou o passo. Presa. Colada. Percorrendo aquela imagem inesperada do rio a correr e o vento a bater-lhe na cara. Fazendo-a parar. Soltando os cabelos. Abraçando-lhe o corpo numa suavidade sensual.
Fechou os olhos e veio-lhe à cabeça aquela expressão de que sempre gostara - ao sabor do vento - a que sabe o vento? Pensou. Ficou assim alguns minutos a saboreá-lo. De lábios entreabertos e mãos estendidas. Deixando-se levar pelo rio que a puxava numa dança. Tirou os sapatos e prosseguiu com eles pendurados em passos de bailarina. E um sorriso que lhe cobria o rosto à medida que avançava olhando para o rio, que continuava no seu ritmo. O vento sabe sempre o que diz e leva-nos em viajem se o escutarmos atentamente. Sem resistência. Nunca diz, no entanto, tudo o que realmente sabe e especialmente a que sabe. Mas tem algo verdadeiramente fantástico no seu sabor.

1 comentário:

Maria Manuela disse...

Eu prefiro o cheiro do vento

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