7.10.2008

Folha escrita e amarrotada

Eu sou a folha escrita e amarrotada
Esquecida algures
Num cume invisível à vista.
Numa cadeira vazia. Inodora
Uma folha escrita não muito longa
Concisa de palavras
Arejada de espaços
Que silêncios existem
mais sonoros que todas as sílabas vivas
Uma folha de caligrafia fina
Lavrando fundas sementeiras de palavras
que brotam como frutos nos lábios
Eu sou a folha escrita e amarrotada
que se solta e rodopia ao vento
descansando presa nas janelas
ganhando fôlego numa mão perdida
que dedilha uma frase
saboreia uma imagem
para logo se lhe escapar
em lágrima ou sorriso.
Eu sou a folha escrita e amarrotada
Cansada e gasta pelo tempo
sem se deixar secar.
Molhada de chuva e reflexos de mar
Até que um dia
Se a encontrarem
Talvez seja tarde
Pois as palavras também morrem
E as folhas querem-se lisas e paradas

6 comentários:

Rosa disse...

Folha escrita inodora? Não! Papel sem cheiro perde metade da graça.

Dry-Martini disse...

Carissima Rosa,

Aguardava, quem sabe, o seu cheiro floral e o seu sorriso para a outra metade da graça .)

XinXin

Noiva Judia disse...

Gostei do poema e da imagem que o ilustra, a fazer lembrar uma obra do Frank Gehry. Talvez o Guggenheim de Bilbao...

Bé David disse...

Hummmmmmmmmmmmm
Eu sei eu sei....
Estou em falta! Mas é sempre uma agradável surpresa voltar e ver a sua veia poética na sua melhor forma...

Amarrotada ou não...

Mas não saõ as texturas que têem mais graça? Coisas lisas...

Bahahah :D

Bj*s e prometo não fugir tão cedo! ;)

Eyes wide open disse...

Este também é um espaço onde se lê num instante um grande momento... gostei de te descobrir.


*

Dry-Martini disse...

Seja bem vinda Eyes Wide Open. Cumprimentos ao Kubrick .)

Assíduos do shaker

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