7.31.2007

The purest blue

Three bottles and a unique shadow
Three rays of light reflecting an interior fight
A dance. A storm. A universe.

Three magic pieces with the secret alignment.
Three times in a flash. All together:
Past. Present. Future. One by one.

Three moon teardrops. Some chemistry reaction.
Three doubts and a single wish.
A open sea. With mirrors and dark nights.

Three memories of you. One place in my heart.
Three powerful energies evolving themselves in one blue.
The purest blue.

Three complex images. A funny irony.
Three words in the wind. One subliminal message.
Still remember you…

7.27.2007

Poesia

Poesia
Suave maresia
Neblina esguia
Que arrepia

Árvore milenar
Bolha de ar
Trepadeira que cresce
E aquece

Vil melancolia
Sempre atenta, de vigia
Espécie de folha caída
Bandida

Silêncio branco de lençol
Às vezes rouxinol
Outras, canto de baleia
Teia

Deusa demoníaca
De voracidade fatídica
Resgate de noite
Murro no estômago. Açoite.

Poesia.
Navio à deriva. Alquimia. Magia.
Conheço tão bem teus caminhos. Porém,
Sempre serei, teu eterno refém.

7.25.2007

Vidas

As pessoas deviam ter mais uma vida ou, pelo menos, uma que pudesse também andar para traz, de vez em quando. Para corrigir o que saiu mal à primeira, aprender a saborear as poucas horas boas - tal como uma canção, que quanto mais se ouve mais se gosta - e sobretudo poder ir primeiro por um lado e depois por outro e depois, sim, seguir pelo caminho encontrado.

Pedro Paixão


7.23.2007

Silêncios incómodos

- Não detestas isto?
- Isto o quê?
- Os silêncios incómodos. Porque acharemos precisar de falar de disparates só para nos sentirmos cómodos?
- Não sei… É uma boa pergunta.
- É assim que sabemos ter encontrado alguém especial, mesmo. Quando podemos estar calados e partilhar comodamente o silêncio


in Pulp fiction


7.20.2007

O homem que falava com os pássaros

O homem que falava com os pássaros partia cedo e chegava cansado. Um cansaço esgotante mas saudável. De viajante incansável, sorvendo tudo em redor. Como uma esponja faminta, fugida do tempo. Insaciável.

Falava pouco mas eram sábias as suas palavras. Sempre preferira a arte de contemplar o mundo. Ver e ouvir ao mais ínfimo pormenor. Há pequenos detalhes que fazem toda a diferença, dizia.

Conhecia a hora mágica de conversar com o mar, pouco antes do sol se apagar. Sabia qual o sabor da chuva e deslizava no vento em descidas vertiginosas. Velozes. Trazia frutos sumarentos nos bolsos que espremia carinhosamente nas curvas da lua, bebendo de seus lábios magnéticos. Era confidente dos pássaros que lhe pousavam nos ombros queimados.

Nas noites mais quentes, de Verão, onde um silêncio esguio se substitui à brisa, num lago gelado. Delicado. Pronto a quebrar. Dizem que, se ficarmos atentos, por entre o ruído das cigarras e o olhar de um mocho real se consegue sentir a sua presença contagiante, que também voa, de repente, com os pássaros.

7.19.2007

O piano invisível

Parece-me ouvir um piano e não há piano algum aqui. Notas soltas, lentas, nem tristes nem alegres: distraídas. Notas como passinhos de criança, à procura. Por instantes julgo que me procuram a mim até entender que não procuram ninguém. Sucedem-se umas às outras de acordo com um código misterioso, revelando um segredo que não entendo. Percebo tão pouco da vida: quase tudo se me afigura misterioso, os estalos dos móveis, a quietude dos objectos, a maneira de viver das pessoas. O que esperam, o que querem, o que desejam ainda? Certos olhares, certos sorrisos. Mesmo em grupo, a conversar, afiguram-se-me sozinhas. À noite espreito o interior das casas: sofás, quadros, uma mulher a arrumar pratos num armário numa elegância de gestos que me comove. Um sujeito que passa por mim a tilintar chaves, distraído. Automóveis estacionados ao longo do passeio, vazios com esse ar terrivelmente quieto das coisas que se mexem quando não se mexem. Uma rapariga a passear o cão com uma trela que aumenta e diminui. Dois garotos pretos a rirem-se ao longe. E o piano a teimar. As notas mais complicadas agora, mais rápidas. Não há dúvida: é um piano e está aqui comigo embora não o veja.


António Lobo Antunes

7.16.2007

Uma simples bebida

Francisco, Lisboa, 1h34 pm

Uma bebida.
Uma bebida e vários pensamentos.
Dispersos. Confusos. Imagens soltas.
Tornando-se menos esbatidas no agitar do copo
Lenta mistura de dúvidas e certezas.
Estalando gelos difíceis de quebrar.
Aquecendo sentimentos
Que se escondem. Que se reprimem.
Em golos lentos. Sapientes.
Num travo amargo e doce.
Uma bebida ajuda a pensar.


Carolina, Porto, 12h00 am

Uma bebida.
Uma bebida e recordações. Desconcertantes.
Que teimam em permanecer. Escondidas, algures.
Visitando inoportunamente. Sem aviso. De tempos a tempos.
Com um cheiro, música ou imagem.
Não necessariamente más.
Recordações até já esquecidas de se quererem esquecer.
Adormecer esse uivo numa bebida.
Abafá-lo num balão de cristal
Apagar a luz e esperar o afastar do seu respirar
Atordoá-lo no álcool mais forte.
Uma bebida ajuda a esquecer.


Mafalda, Évora, 23h02 pm

Uma bebida.
Uma bebida e um forte desejo
Para se dizer o que não se consegue
Em palavras.
Há tanto tempo acorrentadas na alma.
Num sucessivo adiar. Volátil
Evaporando vontades.
Uma bebida libertadora, de coragem
Mais uma. Gota a gota. Estúpida talvez, mas eficaz.
Uma bebida ajuda a desinibir


Gonçalo, Braga, 21h30 pm

Uma bebida
Uma bebida e um desafio.
Difícil mas superado.
Triturado no tempo
Feito passado.
Abrindo o futuro.
Um levantar de braço com um brilho especial.
De esforço e dedicação.
Saboreado agora. Esticando o momento ao limite.
Uma bebida ajuda a festejar

Tantos momentos. Tantos locais. Tantas histórias.
No masculino. No feminino.
Em discurso directo ou em voz off.
Encontros e desencontros unidos numa bebida.
As pessoas mudam as bebidas permanecem iguais...

7.15.2007

Can you read my mind ?



On the corner of main street
Just tryin' to keep it in line
You say you wanna move on and
You say I'm falling behind

Can you read my mind?
Can you read my mind?

I never really gave up on
Breakin' out of this two-star town
I got the green light
I got a little fight
I'm gonna turn this thing around

Can you read my mind?
Can you read my mind?

The good old days, the honest man
The restless heart, the Promised Land
A subtle kiss that no one sees
A broken wrist and a big trapeze

Oh well I don't mind, if you don't mind
'Cause I don't shine if you don't shine
Before you go, can you read my mind?

It’s funny how you just break down
Waiting on some sign
I pull up to the front of your driveway
With magic soaking my spine

Can you read my mind?
Can you read my mind?

The teenage queen, the loaded gun
The drop dead dream, the Chosen One
A southern drawl, the world unseen
A city wall and a trampoline

Oh well I don't mind if you don't mind
'Cause I don't shine if you don't shine
Before you jump,
Tell me what you find..
When you read my mind

Slipping in my faith until I fall
You never returned that call
Woman, open the door, don't let it sting
I wanna breathe that fire again

She said I don't mind if you don't mind
'Cause I don't shine if you don't shine
Put your back on me
Put your back on me
Put your back on me

The stars are blazing like rebel diamonds, cut out of the sun
Can you read my mind

The Killers

7.13.2007

O que sou

O que sou toda a gente é capaz de ver.
Mas o que ninguém é capaz de imaginar é até onde sou e como.


Miguel Torga

7.12.2007

Um sorriso teimoso

Uma casa
Quando a pedra é Douro
Pingando música
A nadar ao luar
Nua mas não tua

Uma noite
Quando a lua é companheira
De lentos desalentos. Revoltos
Envoltos em seda antiga
Suave cantiga

Um cansaço
Quando o gato é persa
Negro espreguiçar
De pores-do-sol
Escondidos. Teimosos

Uma lágrima
Quando a batuta. Astuta
Aponta finalmente para o futuro
E a transforma em água
Lagos de sorrisos esquecidos



Para a Rosselini se esquecer, às vezes, da Isabela

7.09.2007

Epidauro

Oiço a voz subir os últimos degraus
Oiço a palavra alada impessoal
Que reconheço por não ser já minha

Sophia de Mello Breyner Andersen



Epidauro era uma cidade da Grécia antiga, situada na Argólida, às margens do Mar Egeu e célebre pelo santuário de Esculápio, deus da Medicina, que atraía doentes de todo o mundo. O seu anfiteatro, um dos maiores de seu tipo e de seu tempo, possuía uma acústica perfeita para a época, reproduzindo com precisão e, principalmente, de forma audível, mesmo o som de um alfinete a cair no chão, que podia ser ouvido mesmo nas últimas bancadas.
Fundada pelos Jônicos, Epidauro foi ocupada pelos Dóricos e aliou-se a Esparta, perdendo sua importância com o desenvolvimento da cidade de Egina, na ilha de mesmo nome, tendo decaído com a conquista romana.

7.07.2007

Stop crying your heart out




Hold up... hold on... don't be scared
You'll never change what's been and gone
May your smile... Shine on... Don't be scared
Your destiny may keep you warm.

Cos all of the stars are fading away
Just try not to worry you'll see them some day
Take what you need and be on your way
And stop crying your heart out

Get up... Come on... why you scared
You'll never change what been and gone
Oasis

7.04.2007

Uma nova linguagem

Queria descobrir uma nova linguagem.
Uma linguagem de água cristalina
Pura e fresca
Sem cor nem sabor
Passado ou futuro.
Uma linguagem sem bolas de cristal
Distorções ou duplos sentidos
Ausente de movimento ou direcção
Espelho da alma com reflexos quentes do sol

Queria descobrir uma nova linguagem.
Uma linguagem dos pássaros
Alados
Sem mistérios ou adivinhas
Mensagem matemática
Como música celeste
Nota a nota no seu devido lugar
Sem falsas imagens
Explosão de cores a preto no branco

Queria descobrir uma nova linguagem.
Uma linguagem para ti. Para nós.
De luz e sintonia
Uma horta de sentidos atentos
Sem camuflagens ou metades
Pressas ou deduções.
Uma linguagem que te percorra como um rio
Desaguando no teu mar de incompreensões
Barco à vela na tempestade do teu autismo


7.02.2007

Medos

Medo da morte
Medo da vida
Medo da sorte
De ficar esquecida

Medo de viajar
Medo de arriscar
de conduzir
e parir

Medo do cão
Medo do rato
da solidão
Do assalto

Medo do futuro
Medo do escuro
Do avião
ou da grande paixão

Medo do oculto
Medo de um vulto
terrorismos
e fanatismos

Medo da altura
Medo da doença
Falta de bravura
Quebra de crença

Medo do fim do mundo
Medo fecundo
Apoderando-se sem modos
De tudo e de todos

Entre os demais
Dois a reter
Medo do próprio medo
E medo de não o ter

7.01.2007

One




One is the loneliest number
That you'll ever do
Two can be as bad as one
It's the loneliest number since the number one

No is the saddest experience
You'll ever know
Yes, it's the saddest experience
You'll ever know
Because one is the loneliest number
That'll you'll ever do
One is the loneliest number
That you'll ever know

It's just no good anymore
Since you gone away
Now I spend my time
Just making rhymes
Of Yesterday

Because one is the loneliest number
That you'll ever do
One is the loneliest number
That you'll ever know

One is the loneliest number
One is the loneliest number
One is the loneliest number
That you'll ever do
One is the loneliest number
Much much worse than two
One is a number divided by two


Aimee Mann

Assíduos do shaker

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