12.25.2006

Bolo-rei e boas festas

É impressionante a actual vaga de normas, regras e conselhos que têm apenas o condão de estragar coisas simples, inofensivas ou tradições de gerações em nome de pseudo valores que algumas mentes brilhantes se lembram de inventar. Não acreditam? Querem ver?

Não me refiro ao novo verbo “amunikar” que substitui, a passos largos, o simples lavar de vegetais, nem à proibição de fumeiros artesanais devido a perigos cancerígenos mas, dada a quadra, ao tradicional bolo-rei. Ora não é que o Rei foi destituído de brinde e fava porque uma qualquer criatura não sabia comer.

Esse ser, quanto a mim, tem um nome: parvo. Há que dizê-lo com toda a frontalidade, como dizia o outro. Toda a gente sabe que um bolo-rei é redondo, tem massa, frutos secos e cristalizados, um buraco no meio e, surpresa das surpresas, um brinde e uma fava.

Se fosse uma azevia ou mesmo um tronco de Natal o senhor poderia, de facto, ser ferido de morte, agora um bolo-rei? Por favor. Talvez fosse um tipo azarado que, farto de pagar bolos rei à conta das favas, inventou esta ideia peregrina ou um Édipo que preferia o dourado ao prateado, provavelmente, alguém que não sabe comer com a calma e moderação devidas.

Conclusão, o bolo-rei perdeu a graça toda, assim como uma panóplia de coisas que não vou enunciar para não deprimir almas mais sensíveis, mas teve pelo menos a decência de servir para vos brindar não, com favas, mas com umas sinceras Boas Festas.

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